quarta-feira, outubro 11, 2006

QUANDO DEIXAMOS DE LUTAR...



O grande dia haveria de chegar! Chegou o momento e o dia em que resolvi encontrar novos paradigmas, novos ideais, novos objectivos…

Quando nos propomos a lutar, normalmente, na minha tenra idade, fazemo-lo de corpo e alma, dedicamo-nos totalmente, não temos hora para guerrear; A força da juventude a isso nos obriga, tal como nos fortalece.

Para um jovem, como eu, a luta por ideais, por paradigmas, é reconfortante, dá animo e força para não parar… Sabemos para onde queremos ir e tudo fazemos para que isso se realize, não temos medidas, o céu é o nosso limite.

No meio desta luta, reunimos um exército, criamos amigos, “damos o corpo” por eles, e esperamos que esses amigos nos retribuam o esforço gerado, no mínimo! Claro que não são obrigados a dar tudo por nós, mas pelo menos que não nos deixem ficar mal… Só isso! Quando se está em guerra, o esforço que se faz, leva-nos, muitas vezes, a esquecer os mais próximos, porque damos como adquirido que vão dar tudo por tudo por nós, não é esquecimento, é desleixo, e certeza que eles estão perto…

Mas, quando os nossos amigos, não lutam com o empenho todo, quando mesmo depois de darmos tudo por eles, nos ignoram, talvez seja a altura de levantar a bandeira branca, e com todo a honestidade nos darmos por derrotados… A vantagem pratica é que ao sairmos duma guerra arranjamos novos objectivos…novas guerrinhas com outros reizinhos…

Pois bem, é nesta situação que me encontro, baixei as armas, ainda não fiz a declaração formal de Paz, mas lá chegará o dia, cheguei à conclusão que novos valores emergem, e que têm tanta dignidade como os anteriores, e como tal merecem toda a minha atenção;
Assim, quando comunicar aos colegas de armas o meu abandono, espero que eles a aceitem pacificamente, que entendam que não depende de mim a minha decisão, mas, sobretudo, deles; foi por causa deles, da sua falta de vontade para a luta que eu abandonei o barco, por mim ainda hoje lutava, para mais tarde partilhar os despojos de guerra, mas faltam-me as forças; Estou velho e cansado para certas guerrinhas com reizinhos embaraçosos…

Chegou o tempo de dizer “BASTA”, os meus “outros” amigos reclamam a minha presença e o meu empenho, aos que ficam, só desejo boa-sorte nos seus intentos, espero que se dignifiquem a si próprios; julgo que a minha saída só me glorifica, quando assumimos que perdemos, temos dignidade e ganhamos o respeito de todos, até do adversário, do exército inimigo…

Contem comigo para todas as lutas, só não contem comigo para lutar sozinho pelos outros… Estou onde sempre estive, e disposto a recomeçar, assim haja vontade própria e dos guerrilheiros honrosos que porventura existam…

Fica o video da Laura Pausini, estranho amor (este de alguns amigos)...
Vale a pena pensar nisto....

Google

domingo, outubro 08, 2006

Porque - Sophia de Mello Breyner Andresen



No seguimento do comentário do último post, aqui fica o poema de Sophia de Mello Breyner Andresen , recomendado por "A Bela" !!!


Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não

Google

sexta-feira, setembro 29, 2006

PORQUE UM HOMEM TAMBÉM CHORA...


Porque os homens também choram….

O homem não é uma ilha, necessita para viver, de se relacionar com outros seres humanos; pode relacionar-se Institucionalmente, e juntar a essa relação Institucional um cunho estritamente pessoal.

As relações pessoais ajudam o ser humano a tornar-se…humano, exigem solidariedade·
O pior que pode acontecer, quando exercemos funções de liderança, é esquecermos, pontualmente, a relação institucional para aprofundarmos a relação pessoal.

Quando aprofundamos a relação pessoal, despimos a “veste” de frieza e do homem racional, para nos tornar-mos, mais, humanos… E quando chega a hora de decidir?

Imagine o leitor que, se considera amigo de alguém, e que a dada altura tem que afrontar essa pessoa? Por um lado tem uma relação institucional que lhe permite tomar certa posição de firmeza, por outro lado tem a relação pessoal, que corre grandes riscos de sair beliscada! Que fazer, como actuar, é a grande dúvida…
A sua posição institucional impele-o a agir, a relação pessoa retrai-o…

Podemos ter duas soluções, invariavelmente, opostas:
1) Você actua, a posição institucional assim o obriga!
2) Você não actua, a relação pessoal proíbe-o de fazer tal coisa!

Desenvolvendo, se a sua opção for a primeira, você cumpre com as suas funções, foi para isso que a vida o colocou nessa situação, já sabe que a relação pessoal ficará manchada, mas você tem que actuar, se não actuar contraria as suas convicções e daqueles que o rodeiam! Você terá que ser forte e suportar a dor, mas não o podem acusar de ter uma atitude de “não decisão”, você é sem dúvida o homem do momento à altura do problema…

Se a sua opção for a segunda, você é um homem sentimental, coloca a relação pessoal à frente da institucional…os seus amigos não ficarão desiludidos, você manteve-se firme e aguentou “os cavalos”, mas (e há sempre um mas), você frustrou as expectativas daqueles que o rodeiam… Não decidiu, pode vir a complicar a sua posição institucional, mas seguramente você, sob o ponto de vista pessoal, terá uma noite descansado… Foi contra as suas convicções, mas um amigo merece isso! Os amigos têm o direito de nos obrigarem a ceder tudo por ele…alias são amigos…basta!

Mas vejamos, você optou pela primeira hipótese; Arranjou um problema do tamanho duma casa… Alguns dos seus amigos, aqueles que não estavam à espera da sua decisão, estão danados, estão completamente cegos, e pior, a sua consciência está “um caco”, você não sabe o rumo, em espaço de segundos, aquilo que parecia certo está a escapar-lhe “por entre os dedos” E agora?

Agora você chora… “Os homens também, choram”… o leitor consegue imaginar, o General Eisenhower, Comandante Supremo das Forças Aliadas na Europa, durante a II Guerra Mundial, no meio das praias francesas do desembarque do Dia D, deitado na areia a pedir a Deus, que o mundo não lhe caia em cima…porque se chateou com um outro General amigo, mas que, lamentavelmente, era do Exercito Inglês? Mesmo sendo Inglês (era seu aliado), tinham-se chateado… Eisenhower, que raramente tinha duvidas, sentia-se derrotado… Só tinha a certeza duma coisa, amanhã seria um novo dia…

No meio duma decisão, certamente, ocorrem rupturas e desentendimentos, mas não será esse o curso normal da história? Pergunto eu, o mundo não evolui com desentendimentos, opiniões diferentes? Todavia o factor sentimental é sempre importante; Se magoamos os nossos amigos, certamente não é de propósito, mas se tiver que ser, e se ao fim estivermos com dores na alma, temos que “saber gerir” e encontrar um ponto de equilíbrio, para assim se arranjar uma escapatória;

Se o amigo magoado, for um verdadeiro amigo, fica chateado é certo, triste…mas ao fim de algum tempo saberá perdoar, saberá conversar e dar mais um beijo ou um abraço…

Em todo o caso, não poderia agora, deixar de dedicar uma quadra da Mafalda Veiga, do poema “Cada lugar teu” a todos os amigos que magoei masque ao fim de algum tempo me souberam entender e perdoar:

Eu Vou guardar cada lugar teu
ancorado em cada lugar meu
e hoje apenas isso me faz acreditar
que eu vou chegar contigo
onde só chega quem não tem medo de naufragar

Vale a pena pensar nisto….

Google

quinta-feira, setembro 28, 2006

SOBRE A CORAGEM DE DECIDIR



Pior que decidir mal, ou muito mal, é não decidir”...

Quando se tem a responsabilidade de comandar um “navio”, tem-se, muitas vezes, a necessidade de tomar medidas difíceis, veja-se o exemplo do nosso Primeiro Ministro, que sem ser da minha “família” politica, reconheço-lhe o mérito de combater lobbies e de tomar medidas que não são nada fáceis….

A responsabilidade de decidir, de ter que optar, contrasta com a “cultura” da não decisão, muito característica dum período da politica nacional; Mesmo que a nossa atitude se venha a revelar negativa, o importante é termos decidido, e decidido com a convicção que, naquela situação, foi a melhor decisão possível.

A arte de fugir dos problemas acaba, sempre, por se virar contra quem não decide, quem não decide perde a credibilidade, perde o respeito daqueles de que depende aquela decisão concreta!!! Uma decisão, por mais insignificante que seja, pode mudar a vida das pessoas, seja aquelas que vão ser afectadas (ou afastadas) por essa decisão, seja aqueles que estão ansiosas pela “mudança” de vida… Está bom de ver que quando assim é, o adiar ou o não decidir tornam-se forças de bloqueio de todo o sistema…

Quem está à espera da mudança, acaba por desesperar e virar as costas, ao virar as costas, pode abandonar um projecto, que assim se torna inexequível; Quem é, à partida, resistente à mudança, acaba por ficar contente, porque o sistema o alimenta; A não decisão é assim, um motivo de regozijo para todo o “resistente”.

O que nos deve preocupar é a fuga em frente do que não decide, e que provoca a saída abrupta daqueles que estão à espera da decisão… O que fará o burocrata quando no “dia do juízo final” quiser decidir e não tiver ninguém para o apoiar? Vai ficar sozinho, abandonado ao seu destino, aqueles que esperavam a decisão já estão longe, resta ele, e nesse dia o sistema virou-se contra ele, quer decidir mas já é tarde… Talvez não seja mau de todo, perdeu-se a oportunidade da mudança, e quem não aproveita o tempo para mudar alguma coisa...

Vale a pena pensar nisto....

Google

SOBRE A LEGITIMIDADE DEMOCRÁTICA


Quando há uns anos estudei Direito Constitucional e Ciência Politica fiquei admirado quando me explicaram a definição de soberania popular. Dizia na altura a minha Professora que era o "Contrato Social" de Rousseau: "ao considerar que todos os homens nascem livres e iguais, encara o Estado como objecto de um contrato no qual os indivíduos não renunciam a seus direitos naturais, mas ao contrário entram em acordo para a protecção desses direitos, que o Estado é criado para preservar", ou seja o Estado possui legitimidade para decidir, porque o povo assim deseja.

Assim, há alguém que possui soberania e que a transfere para o órgão decisório, isto porque é impensável dividir soberania numa assembleia, a soberania é mais que "um bolo que se pode partir";

Até aqui não há dúvidas, mas nos últimos dias tenho-me questionado, qual seria o numero mínimo de votos, para que alguém se considerasse legitimado para actuar, restringir direitos, alargar deveres etc... Até que ponto alguém se pode arrogar de ter legitimidade para arrogantemente, se esconder por de trás da Democracia e provocar um cataclismo em todo o sistema onde se insere?

Pois, para mim este tipo de coisas faz-me alguma confusão, não será a Democracia um sistema que, quando em número reduzido de eleitores pode falhar? Exemplo, imaginem o caso hipotético de numa eleição para um órgão importantíssimo na Academia de uma Universidade, alguém se assume como candidato e reúne um grupo; em trinta votos obtém sete, mas tem maioria relativa e ganha o cargo.

São sete em trinta, mas será que essa maioria está impregnada de legitimidade, ou será uma maioria que não representa o sentimento e o pensamento da globalidade dos eleitores? Julgo que não. Alguém que se sente legitimado por tão pouco, até com o seu próprio voto, se consideraria eleito com dignidade.

O ponto é saber, se devemos respeitar, politicamente, esse hipotético candidato. Não teremos nós, humildes servos, o direito de nos revoltarmos e batermos, de uma vez por todas, com a porta? Que sistema este que consegue “parir” semelhante aberração eleitoral?

Temos o direito à indignação, e sobretudo à desobediência civil, julgo que a Democracia exige de nós esta revolta, porque no fundo trata-se de um ataque a um principio básico do sistema Democrático, a representatividade, assim, todos os que se sentem ofendidos, podem arrogar-se no direito de defender a Democracia e a transparência… É isso que temos que fazer..

Vale a pena pensar nisto....mas cuidado, sempre há processos de inquérito a quem pensa....diferente!!!

Google